As fotossss..mãe!

Há 15 dias, aprontei uma mochila (maior do que devia) e sentei-me em um avião. As turbinas funcionando, a velocidade crescendo, os sentidos ligados e de volta a sensação de liberdade, de expansão. Pouso no aeroporto de Bristol e o impacto da língua: a boca amarrada querendo vomitar um inglês tosco, mas que no fim das contas é o que mais se ouve por todos os lados e a necessidade realmente efetua milagres, but I need to study! Ônibus do aeroporto para a cidade e paisagem britânica: "Cara, eu tô no Reino Unido!" Dia em Bristol, geléia de morango no parque e pessoas muito gentis se oferecendo pra dar informação ao nos verem olhando perdidamente para um mapa.

Ao fim do dia, mais duas horas e meia de ônibus e....Londres, a gigante Londres. Sentia-me como se tivesse ingerido as pílulas de polegarina do Chapolin Colorado, reduzido de tamanho e despencado em um gigantesco parque de diversões com pessoas impressionadas à minha volta mirando suas máquinas digitais para o alto e se misturando umas as outras numa velocidade alucinante. Chineses, árabes, latino-americanos, indianos, europeus de todas as partes. A impressão é de que Londres acolhe a todos - mesmo que seja para o trabalho braçal. Aqueles que não tem oportunidades em sua própria terra encontram ali trabalho pesado, transporte fácil, comida e roupa barata e muita, muita diversão. Não posso deixar de dizer que, somado à novidade turística, o acolhimento carinhoso do meu querido amigo Ricardo contribui especialmente para que a viagem fosse rica e para que sentisse mais saudade do Brasil...Que bom reencontrá-lo tão forte e audacioso, tão corajoso e amoroso, tão simples e generoso. Que honra tê-lo como amigo! Dias de criança em Londres e mais um bom encontro: Letícia...que brilho nos olhos tem essa menina, feliz que só..

Hora de partir e a Ryanair como uma pedra no sapato. Meu Deus..fazer aquelas mochilas se passarem por bagagem de mão não foi nada fácil..rsrss.
Chegada na Espanha pelo aeroporto de Girona e Aisha em nosso caminho, uma marroquina muito simpática e alegre que nos apresentou a bela feira de Girona. Foi nessa cidade, bucólica e espirituosa com suas torres e castelos do século 3, que nasceu o mestre da pintura surrealista, Salvador Dalí. Tudo em Girona respirava paz e tranquilidade, um choque para quem há algumas horas estava imerso no cosmopolitismo londrino.

Um trem e Barcelona. A surreal Barcelona dos sonhos de Gaudí. Parques exuberantes, construções extasiantes, mar azul e o mais especial, a casa de Ana, Marc e Jody nas montanhas de Valvidrera. Barcelona me aguçou os sentidos, e mesmo tendo me mostrado como o mundo está repleto de pessoas especiais, me abriu o coração para mais sonhos....sonhos de retorno para meu País, minha família, meu amor, meus amigos.... O mundo é vasto e mais vasto ainda é o meu coração. A viagem que faço é para dentro de mim e sou outra a cada dia. A cada minuto me descubro um pouco e dou mais atenção ao que diz meu coração. Sinto uma felicidade que me abre a mente e através da qual enxergo o horizonte iluminado de sol, de poesia, de música e de amor. Meu movimento é de expansão, do meu coração em direção à beleza da vida.

Barcelona - Madrid

Em Madrid, esteve para mim mais evidente o modo de vida espanhol que sabe gozar a vida nas ciestas de três horas após o almoço, no encontro para as tapas ao anoitecer e na pintura que ilumina os olhos e colore o mundo...

Fim de voyage e uma enorme vontade de conhecer a França, mas o dever me chama..hora de ancorar no Porto de novo, trabalhar um mês quem sabe e reabrir os livros de literatura e de semiótica.