13 março, 2009

Passados 20 dias...

Depois de tanto deixar as imagens falarem por mim, chegou de novo minha vez de expressar em palavras o que tenho sentido e concluído de tempos em tempos...

Com vocês: A Síndrome do Deslumbramento

Não sei se é assim com todo mundo, mas...creio eu que sofro de um pequeno e ingênuo, mas nada grave, transtorno psicológico, que resolvi chamar de Síndrome do Deslumbramento e que descreverei a seguir em três fases pelas quais tenho passado até agora aqui em Portugal.

FASE DO DESLUMBRAMENTO PROPRIAMENTE DITO
Foi assim desde que cheguei...
Já no aeroporto o mundo se transformou: achava todas as pessoas bonitas (isso me parecia incrível, mas era exatamente assim!); os hábitos das pessoas também eram ótimos: ruas limpas, filas indianas nas paragens de ônibus; coleta seletiva. Uma infinidade de coisas me deslumbrava. Só o frio me desagradava mesmo!
FASE DO DES-DESLUMBRAMENTO
Passada esta primeira etapa, comecei a reparar fixamente as coisas que me desagradavam: os narizes machucados das pessoas - para o que ainda não encontro explicação; o fato de fumarem demais e cuspirem no chão; o papel higiênico jogado na privada; as mãos mal-tratadas das mulheres que alternam durante o trabalho doméstico o uso de água fria e quente; a falta de tanques nos quintais e de pão-de-queijo e de coxinhas de frango com catupiry..e some-se a isso o fato de ter encontrado perto da minha casa e em meio a um condomínio de granfinos o lugar para onde é varrido o lixo que não está no centro da cidade: a Escola do Aleixo, um ponto de tráfico e desumanidade.
FASE DA INDAGAÇÃO
Encasquetada com a mudança radical do meu ponto de vista, desconfiei que havia algo mais por trás disso tudo. Pensei..senti ..senti..pensei mais um pouco e me senti uma árvore querendo beber água e esticando suas raízes no solo português.
Reparando a minha volta, percebi que estava desfazendo minhas malas com as lembranças insubstituíveis do Brasil e organizando meu quarto, decorando paredes, enfeitando a cozinha com flores e fazendo amigos...
Cheguei a pensar que a timidez talvez fosse uma estratégia da qual se servem alguns espertalhões para não estabelecerem vínculos, enquanto eu, muito comunicativa, estava me ferrando deixando que pessoas a pouco desconhecidas me conquistassem e entrassem sem pedir licença no resguardo do meu coração, ainda doído pela ausência dos meus queridos do Brasil. Como podem ver, entrei em crise.
Rsrss..dizem por aí que o mundo está cheio de pessoas maldosas, mas só me aparecem pessoas boas: Josi, Thalita, Ju, Fernando, Talita de novo, Roberto...amigos dos quais daqui a pouco estarei me despedindo...
Agora vejam o que o meu inconsciente estava me aprontando: Como estava me apegando às pessoas, ao lugar, era como se me dissesse: "Não goste daqui, este lugar é ruim, este lugar tem problemas". Eu que não fique esperta comigo mesma pra eu ver se não me engano!!
Enfim, nessa terceira fase que ainda percorro, tomo consciência de que o homem é o homem onde quer que seja e que, portanto, haverá sempre coisas boas e ruins para serem colocadas na balança. Coisas que dizem respeito a sociedade e a forma como se organiza, coisas que dizem respeito aos sentimentos e às pessoas de quem quero estar próxima. Mais do que nunca, busco me conformar com a transitoriedade da vida e desejo poder, ao menos, escolher alguns de meus curtos caminhos.

4 comentários:

  1. Anônimo13.3.09

    Legal amor, tá ótimo o texto, manda ver...

    Douglas

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  2. Anônimo14.3.09

    Hummmm, gostei mais desse. Está mais cômico e livre, você diz mais sobre suas mais intimas impressões e consegue fazer com que nós possamos enchergar e quase sentir suas emoções.
    Parabéns meu amor, vc está me surpreendendo cada dia mais.
    Te amo muito, tenho muito orgulho de vc.

    Douglas Soares

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  3. Anônimo21.3.09

    Mi, como naum se apaixonar por uma pessoa taum sensível assim. Na verdade, essa é a Michele que conheco, transparente, sem medo de ser feliz, mas, muito mais madura mais segura e, muito mais feliz...

    Tia Marilu

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  4. Nossa tia, fiquei emocionada com suas palavras, Obrigada!

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